Movimentos involuntários

Mais um acordar incrédulo. Mas um despertar com a dor de um pontapé no peito. Mais um dia que passa por mero exercício de sobrevivência. Perguntas sem fim, respostas ausentes e o tempo que me leva a cada dia para longe... para longe das possibilidades mas com a bagagem pesada de tudo o que não consegue deixar para trás. Assim avanço num movimento involuntário, controlado por forças que não são minhas, que não controlo, que de progresso nada têm... porque só o tempo se move, criando distância num estado de ser que permanece imutável em espaço e espírito. E a consciência de ser impotente frente a este movimento não me deixa sair deste estranho transporte... sabendo, como sei, que estás também em movimento para longe e em direcção oposta. Já não te encontraria onde quer que saísse. Não estás onde pela última vez te vi... estás longe de qualquer dos habituais pontos de encontro... e, ainda que fizesse o percurso inverso, ainda que fosse no teu sentido, levas avanço e não consigo compensar a desvantagem da distância.  Se um grito capaz fosse de fazer recuar o tempo... ouvir-me-ias, bem alto, onde quer que estivesses... primeiro ao longe: “PÁRA!!!” e no segundo seguinte a sussurrar-te ao ouvido: “ainda bem que voltaste!”. Mas todos conhecemos a forte e inabalável força do tempo... e como é inconsequente a inocência de o tentar parar. Da janela observo com pesar e receio o que deixo para trás... e, por isso, muitas vezes fecho simplesmente os olhos.

Comentários

  1. não é um comentário...nem um conselho que esses guarda-os quem os tem bons, é uma música
    http://www.youtube.com/watch?v=sXmWAOIWg3w&feature=related

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