Longo elogio ao im/perfeito

A beleza existe, apenas para além da imperfeição  

Tudo o resto é luxúria, fantasia de poder

Nós não somos o que dizemos 
Com a justa verdade, somos ainda mais, somos ainda menos

Somos na vida aquilo que fazemos
Tanto quanto somos mais, tanto quanto somos menos  

Somos tanto de escolhido como somos de acaso
Somos uma força sem vontade nas escolhas que fazemos

Na ilusão de que o privado pode assumir-se em forma pública
é fantasiosa a intimidade, seja pretensa ou presumida

Entre as projecções que nos impõem e as aquelas que exercemos
ser íntimo é ser vazio num devaneio partilhado

Da entrega à rejeição permanece e sobrevive o autêntico
e só enfrentando a desilusão se constrói intimidade 

Ser perfeit@ é ser escrav@... mentira e vazio
Persegui-lo é delírio... esperá-lo é prisão

A beleza, em verdade, é a autêntica imperfeição
Só nesta se é livre... e sendo-se livre se é inteiro

Ser e permitir o inteiro-imperfeito é a essência e o propósito do Amor
Assim foi, é-o hoje, sê-lo-á sempre. 

Do amor é este o triunfo