Os tímidos e negligenciados prazeres de uma tarde de Domingo

Há prazeres humildes que por serem recatados erradamente menosprezamos.. são os melhores... apanham-nos desprevenidos de despretensiosos que são. Sabemos que existem porque já tantas vezes os experimentamos... ainda assim tendemos a negligencia-los.

Hoje entreguei-me sem grandes exigências a esses pequenos momentos... e com eles namoro desde que acordei.

Fui ao supermercado a pé. Lá perdi-me no tempo.. a escolher o tomate mais colorido e bem parecido... os cogumelos para um salteado com tomate, natas e outros ingredientes que ia imaginando nas panelas e quase de imediato no sabor.

Comprei tremoços viçosos... há quanto tempo não comprava tremoços...!! andava a esquecer-me deles.. certamente foi a primavera que mos mostrou na banca dos frescos, onde posavam com o seu amarelo divertido e sorridente.

Voltei já entardecia... surpreendi-me porque não estava frio ainda assim... e senti a promessa da primavera que vem tímida e quase já a consegui sentir no seu aroma delicado e carregado de esperança.

Regressada a casa arrumei tudo em compasso relaxado, feliz com as cores, formas e sabores dos novos haveres na minha dispensa. A música enchia o espaço num aconchego deleitoso... era linda e comovente. Não foi escolhida por qualquer outro motivo que não o acaso... mas fundiu-se e completou as sensações como se escolhida a dedo.

Agora escrevo no meu sofá, sob o olhar atento e carinhoso da minha gata, que me aquece o colo... mimos genuínos de uma gata dedicada que devolvo com um sorriso e episódios intermitentes de festinhas.

É raro escrever sobre boas sensações... sei que tendo a negligencia-las... acho que por serem pequenas e tímidas... mas nada têm de menores e, por isso, hoje ganharam o espaço digno daquilo que nos faz bem sem pretensões, só porque sim.

Hoje sou feliz com os tímidos e negligenciados prazeres de uma tarde de Domingo.