25 de abril e uma insólita mas livre responsabilidade nas 9 pela manhã


A responsabilidade de te escrever
um poema
mais um na minha quase longa carreira
de usar a vida e deixar-me inspirar
pelos seus insólitos
Essa responsabilidade é tal
que me impede
tanto quanto me obriga

Já to confessei
que às vezes o sono não acontece

enquanto o poema também não adormece

Não lhe dês por isso 
tanta importância
Que se calhar só se escreve porque outros
- poemas -
já o fizeram antes


Por consequência
não é menos
nem é mais
insólito 

Isto em si
não o torna melhor nem mais rápido
Nem sequer o torna honesto
A não ser que honesto
seja em si mesmo este dilema

E por este mesmo motivo
é mais difícil
ou inacessível
mais incapaz e ridículo
que os outros
nos entretantos dos outros insólitos
E por isso será "giro"
ao mesmo tempo que desconfortável

Já sabemos
Nada disto resolve
E isso faz com que tenha
tanta importância como nenhuma
Acho que assim é

E se calhar é isto

Que este ridículo

e incapaz poema
seja apenas tão insólito
quanto os bravos silêncios
porque também o foram outras coisas
que aconteceram
e as que não aconteceram
nesta noite que começou tarde de cedo

E enquanto houver a vontade de o repetir
e de o ultrapassar 
enquanto durar
não há fim
anunciado
E quando houver...

logo se verá
Se é ou não
Fim

E mesmo que seja
por ter que ser
no entretanto
já tudo terá acontecido
Então não será apenas insólito
Porque esses
também já todos
terão sucedido

Que seja compasso e ritmo
espaço e liberdade
Elaborativo
colaborativo inovativo
narrativo construtivo
Para que a/guardado
se transforme
dádiva

Actualizado pelas 23 da mesma noite

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